quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Sobre o meu sumiço




Opa. E aí, público leitor! tudo belezinha?
...
...
Oi?
Alguém aí?
Ecooooo?
...

Bom, pra ser sincero, nem sei pra quem tô fazendo esse post. Com certeza não tem mais ninguém aqui pra ler as bobagens que eu escrevo.

...

Não, espera! que bobagem a minha! NUNCA TEVE NINGUÉM AQUI EM PRIMEIRO LUGAR! e vocês sabem por que?  POR QUE NINGUÉM MAIS LÊ BLOGS!!! TODO MUNDO SÓ QUER SABER DE YOUTUBE, TIK TOK E A ÁGUA DE BANHO DA BELLE DELPHINE!!

 O Tik Tok ainda é relevante ou eu deixei transparecer o quanto eu tô desatualizado em relação à cultura da internet com essa piada?

Bem, eu falei sobre a Água de Banho, então com certeza eu sou HIP AND COOL e tô atualizado com as TRENDS da GALERA JOVEM!

...

Vocês acreditariam se eu dissesse que as piadas da primeira versão desse texto que eu escrevi estavam ainda mais datadas que isso?

Bem, vou parar de enrolar com minhas tentativas fracassadas de humor e ir direto ao ponto. Se você está lendo isso aqui, existem duas possibilidades: A primeira, e mais provável, é que você veio parar nesse blog por acidente ou através da nossa página no Facebook e parou pra se perguntar quais foram as péssimas escolhas de vida que o trouxeram até aqui, logo depois reparando que esse é mais um daqueles blogs que morrem com pouco tempo de vida e que não são atualizados há muito tempo, talvez depois decidindo checar um ou dois artigos e ir embora pra nunca mais voltar. A segunda e menos provável é que você é um leitor mais antigo, que provavelmente tinha perdido o interesse nessa joça aqui bem rápido e decidiu voltar pra checar se haviam novos artigos por alguma razão além da compreensão humana. Irei sanar as dúvidas para ambos os lados.

Primeiro, para os novatos paraquedistas: Bem vindos! este é um blog que eu criei para ter um lugar onde compartilhar minhas opiniões e observações completamente irrelevantes e desnecessárias sobre a cultura pop. Escrevo por diversão e por paixão e quando surgem ideias na cabeça, por isso não atualizo isso aqui com tanta frequência. Caso queiram mais informações sobre mim, eu já fiz um post de apresentação há muito tempo, então é só checar. Antes de decidir esquecer esse pequeno endereço esquecido nos anais da internet, peço apenas que leiam esse post e leiam algumas postagens antigas, dando uma chance ao conteúdo se este for do seu interesse.

Agora aos leitores antigos. Eu sei que vocês devem estar ANSIOSÍSSIMOS pra saber por qual razão eu deixei esse pequeno diário abandonado por mais de um ano. O que terá sido, afinal? Desinteresse no blog? preguiça? cansaço?

Bem, em 2017, eu entrei no meu terceiro e último ano de ensino médio. Tenho certeza que alguns de vocês já passaram por isso e sabem como é. Entre vários dias de preguiça, notas oscilando mais perigosamente que o preço da gasolina e  angústia existencial adolescente de quem se aproxima da idade adulta e precisa decidir o que diabos quer da vida, esse pequeno reduto acabou ficando meio esquecido. Não é que eu não quisesse mais nada com o blog ou não tivesse mais sobre o que escrever, mas eu estava sempre sem tempo e sem saco pra escrever aqui.

Além disso, eu ganhei um Playstation 4 e os meus primeiros jogos foram Dark Souls 3 e Bloodborne. Eu zerei cada um 3 vezes. Acho que quem jogou entende onde quero chegar aqui.

Depois disso, passei por mais um ano de cursinho para me preparar pra vestibulares e entrar numa faculdade, e acabei conseguindo. Esses fatores drenaram mais ainda qualquer tempo ou vontade que eu tivesse de produzir conteúdo pra internet.

Logo em seguida, entrei na faculdade de biologia, fiz um ano, não gostei e saí. Vale ressaltar que eu estava muito deprimido e sem ânimo pra nada na maior parte do tempo. Acho que vocês podem ver aonde eu quero chegar

Mesmo durante essa ausência (com alguns espasmos de vida no cadáver do blog aqui e ali), a página do Facebook continuou a receber um aumento incomum no número de curtidas. Não sei se foi pura sorte, se as pessoas confundiram a minha página com a do OUTRO Depósito Nerd (um dia mudo o nome, juro), ou, talvez, APENAS talvez, algumas pessoas tenham se interessado pelo conteúdo que eu produzia e decidiram deixar o pequeno incentivo que puderam. Seja o que for, me convenceu que a aposentadoria havia se estendido por tempo demais, e era hora de voltar à ativa, ainda que parcialmente. E cá estamos.

Honestamente, não tenho muito o que dizer a vocês. Este post é mais uma atualização de status no blog do que qualquer outra coisa; apenas um meio de avisar que retornarei à atividade e que vocês podem esperar atualizações mais frequentemente. Contudo, estou na faculdade, como já mencionei, que obviamente consome uma quantidade absurda do meu tempo, então não estou prometendo POSTAGENS SEMANAIS COM CONTEÚDO EXCLUSIVO! não, isso não vai acontecer. O que posso prometer é que voltarei a escrever sobre os mais variados assuntos envolvendo cultura pop e que tentarei atualizar ao menos uma vez ao mês, retornando aos poucos.

ESTÁ VIVO! ESTÁ VIVOOOOOO!
Então é isso. O cadáver do blog estará retornando à vida nos próximos meses. Se você tem qualquer interesse no conteúdo produzido aqui, não se esqueça de dar seu incentivo. Uma mera curtida na já mencionada Página do Facebook já ajuda bastante, mas eu também apreciaria se vocês deixassem seus comentários, por lá e por aqui, até pra saber o que vocês tem interesse de ver aqui.

Por enquanto é isso, pessoal. Mais novidades em breve.

E quanto a vocês que chegaram aqui acidentalmente... O QUE? JÁ FORAM EMBORA!

BANDO DE BADERNISTA! NÃO AGUENTAM 10 MINUTO DE PORRADA COMIGO!

A todos que leram até aqui, obrigado e até a próxima!

Castlevania Bloodlines: A jóia esquecida da franquia!




Quando você pensa em Castlevania raiz, quais são as palavras que vêm primeiro à sua cabeça? Nintendo, talvez? ou Dracula? ou quem sabe o nome Belmont?

E se eu te dissesse que um dos melhores games da franquia não só deixa de lado os Belmonts como protagonistas ou Drácula como vilão principal, mas também foi produzido para um console da SEGA, maior concorrente da Nintendo na época? Pra alguns, parece difícil de acreditar, mas esses são alguns dos elementos que marcaram Castlevania Bloodlines.

Por alguma razão esse título, produzido para Sega Genesis (conhecido como Mega Drive aqui em terras tupiniquins) é um dos menos comentados da franquia, mesmo considerando a enorme quantidade de títulos que a mesma acumulou ao longo dos anos. Até  Rondo of Blood, que só chegou oficialmente ao ocidente portado com o remake Dracula X Chronicles no PSP (e aquele port cagado chamado Dracula X de SNES não conta), é mais conhecido. Mas por que isso? será esse game um tesouro esquecido, ou deveria ele ter permanecido ignorado, tal qual um pedaço de carne escondido dentro de uma parede no cafofo do conde?

Bom, pegue seu chicote, uma água benta ou cruz por precaução, um pernil de parede fresquinho caso dê fome, e VAMOS DESCOBRIR!

Comecemos do princípio: de que se trata o jogo?


 O ano é 1914, e a maligna condessa Elizabeth Bartley é ressuscitada "acidentalmente" pela bruxa Dolta Tzoltes. Sem perder tempo, ela decide ressuscitar seu tio, ninguém mais ninguém menos que o Draculão em pessoa, morto anos antes por Quincey Morris (sim, o do livro de Bram Stoker), descendente distante do clã Belmont. Para isso, ela orquestra o assassinato do príncipe da Áustria, dando início à Primeira Grande Guerra Mundial, almejando usar as almas dos mortos no conflito para reviver o vampiro. Numa época em que os Belmonts estão impossibilitados de usar o lendário chicote Vampire Killer, cabe aos novos heróis John Morris, filho de Quincey e também descendente dos Belmont, além de definitivamente ser frequentador de academia e assinante do canal do Léo Stronda, e Eric Lecarde, Portador da Lança de Alucard e buscando vingança pela transformação de sua amada, Gwendolyn, em vampira, pôr um fim aos planos malignos de Bartley e Drácula e carregar a tocha do legado dos Belmont.

Nossos intrépidos protagonistas.

Logo de início dá pra ver que temos mais trama aqui do que é o normal pra um Castlevania antigão, cujo enredo geralmente se reduzia a "chegue ao final do castelo sem sofrer calvície prematura causada pelo estresse e chicoteie a cara do Bela Lugosi". Claro que já tínhamos alguns jogos que expandiram a mitologia da série, principalmente no caso de Castlevania 3, mas esse aqui foi o primeiro a estabelecer outros heróis e vilões para a série além dos Belmont e de Drácula, carregando a franquia numa direção diferente e que seria continuada por títulos futuros, principalmente em Portrait of Ruin, que viria a ser uma continuação direta deste aqui. Por isso, merece destaque.

Mas claro que enredo não é o foco aqui. Afinal, a gente veio pra tacar a chibata na cara do Christopher Lee (que deus o tenha). Logo, vamos partir para a parte mais importante do jogo: Gameplay.

Eric eviscera os monstros com sua lança.



Já John, mais tradicionalista, prefere seu chicote.


Tenho que confessar que tenho sentimentos mistos sobre o Gameplay, mas vou falar primeiro sobre as coisas que me agradaram. Como já disse, temos aqui dois heróis, John e Eric, e cada um tem uma arma diferente e habilidades únicas que mudam quase totalmente a experiência de jogo. John é o mais próximo do estilo clássico de Castlevania, brandindo a Vampire Killer e sendo capaz de chicotear na horizontal quando no solo e na diagonal ou diretamente para baixo quando pulando, enquanto Eric conta com sua lança e pode atacar tanto na horizontal quanto na diagonal, além de diretamente para cima, quando no solo, mas só podendo atacar na horizontal quando no ar,e não sendo capaz de atacar para baixo. Isso torna o combate radicalmente diferente, encorajando o jogador a experimentar cada personagem.

As armas adicionais também estão de volta, porém em menor quantidade, pois aqui só temos a água benta, o machado e o bumerangue, e pode apostar suas pregas que a melhor arma pra se ter aqui é o machado, já que muitos dos inimigos são maiores que o jogador ou voadores, então poder acertá-los no ar é uma bênção. Uma novidade é que podemos coletar um Power Up extra para as armas dos personagens, que mudam a sub arma atualmente em uso para um ataque especial distinto para cada um: No caso de Eric, temos uma explosão que ocupa a maior parte da tela e causa quantidades massivas de dano, enquanto Morris tem acesso a uma espécie de raio que viaja pela tela em um padrão errático.

Além disso, as armas de cada um lhes proporcionam habilidades especiais distintas: O chicote de John Morris permite que ele se pendure em estruturas acima dele e as use para se balançar, como fazíamos nos aros em Super Castlevania 4, enquanto a lança de Eric permite que ele realize um super pulo que o possibilita de acessar áreas mais elevadas, além de causar dano aos inimigos e deixar o jogador invencível pela duração do pulo. Isso modifica bastante a progressão, já que um personagem, em determinados momentos, vai ter acesso a uma rota que não pode ser acessada por outro , com diferentes inimigos e itens a serem encontrados, o que acrescenta uma variedade interessante aos desafios enfrentados por cada um.

No entanto, toda essa variedade é uma faca de dois gumes: se por um lado ela aumenta o fator replay e estimula o jogador a explorar todos os estilos de jogo, também causa um certo desbalanceio nos personagens, com Eric sendo muito mais poderoso que John. Isso acontece por diversos motivos: primeiro, a lança tem mais alcance que o chicote, além de sofrer menos delay na hora de atacar. Além disso, há o pulo de Eric, que causa dano aos inimigos e deixa o jogador invencível por um curto período de tempo, o que é uma baita mão na roda contra os chefões. Caramba, até o ataque especial de Eric é muito mais poderoso, cobrindo mais área e causando mais dano ao inimigo que o de John. Dito isso, é provável que a gameplay de Eric apeteça mais os jogadores que preferem uma aventura mais fácil, enquanto os jogadores das antigas vão preferir a familiaridade do estilo de Morris. Mas de qualquer forma, um pouco mais de balanço não teria feito mal.

Falando em dificuldade, esse é provavelmente o Castlevania mais piedoso com o jogador até então. Além do jogador ter mais energia aqui do que em outros jogos, os inimigos causam um dano mais consistente e tem hitboxes menos roubadas do que em títulos anteriores, além de ser mais fácil encontrar itens de cura e armas úteis, já que não só as velas que escondem as armas são distintas das que ocultam munição e pontos, permitindo que o jogador mantenha, com mais segurança, o equipamento que mais lhe agrada, como também as paredes que ocultam itens de cura são marcadas, assim você não precisa chicotear cada parede que você encontra. Não se engane, você ainda vai morrer mais que jogador de Dark Souls que decide ir pra catacumbas depois de chegar em Firelink Shrine, mas dá pra se virar bem se você tiver cuidado.

Os pernis são mais fáceis de achar aqui, o que é bom, pois você VAI precisar deles.
Mas há um fator que compensa por essa mamata toda: a falta de continues infinitos. Pois é. Aqui, você tem acesso a três continues com nove vidas cada. Então, morra nove vezes e é de volta pra tela de título, sem choro nem vela. O jogo ainda conta com uma tela de password e o jogador pode abusar dela para progredir, mas as Passwords são aleatórias e mudam a cada gameplay, então cuidado para não começar outra sessão acidentalmente se já estiver no meio de uma.

Melhor ir se acostumando a ver essa tela
Por fim, os controles são provavelmente os mais responsivos na série clássica. O delay na hora de atacar é menor e os personagens andam mais rápido e respondem bem aos comandos do jogador. Eu só não entendo porque diabos a capacidade de atacar em oito direções introduzida em Super Castlevania 4 não foi trazida de volta aqui, sendo que temos menos direções para atacar e ainda assim cada personagem só ataca na diagonal sob uma condição diferente. Não me entendam mal, os controles aqui são bons, mas voltar aos controles mais rudimentares depois da fluidez e liberdade pra golpear que tínhamos em SC4 simplesmente dá uma sensação de regressão.

Mas ufa, chega de falar de gameplay. Vamos prosseguir pras outras partes importantes: Gráficos e som. Afinal, Castlevania sempre apresentou uma direção de arte animal e uma trilha sonora du bambu!

A parte técnica é onde o jogo realmente brilha. A direção de arte e o level design desse jogo são maravilhosos e se complementam muito bem. Em vez de se aventurar apenas dentro do castelo, os personagens percorrem diversos pontos da Europa, como a Torre de Pisa e o Palácio de Versalhes, e cada fase é extremamente bem construída e detalhada e apresenta desafios criativos e adequados a cada localização, que fazem bom uso das habilidades dos personagens, tornando cada fase única e extremamente satisfatória de percorrer. O jogo é um tanto curto, com apenas seis estágios, mas a variedade apresentada pelas mesmas vai garantir que o jogador continue voltando a elas.

Sim, as malditas subidas continuam aqui. E as medusas continuam desgraçadas como sempre.

No mais, o jogo é simplesmente lindo de se olhar. o detalhamento dos personagens, inimigos e estágios, combinado com uma paleta de cores vibrante que, na minha opinião, supera bastante a paleta mais fria e monocromática de Super Castlevania 4, resultam numa experiência de jogo que é simplesmente um deleite para os olhos. Em alguns momentos há até algumas estruturas construídas em 3D, o que é um feito bastante impressionante para a época.


Toda essa melhoria técnica também acrescenta muito ao combate do jogo. Não mais os inimigos simplesmente pegam fogo ao serem destruídos, mas são muitas vezes feitos em pedaços de forma bastante gráfica pra época. Zumbis são partidos ao meio, harpias podem ser decapitadas e ainda continuar atacando o jogador, Um lobisomem é destroçado e seu cadáver mutilado continua se contorcendo na tela depois de morto, e por aí vai, o que torna esse provavelmente um dos Castlevanias mais violentos já lançados (exceto na versão europeia, intitulada The Next Generation, que foi capada até não poder mais). Isso torna o mero ato de acertar um inimigo mais satisfatório, devido à sensação de impacto sentida em cada golpe, o que por si só já torna o combate bastante agradável.



Isso se estende aos chefões também, e temos uma variedade agradável deles aqui. Não mais enfrentamos apenas um no final da fase, em vez disso sendo necessário derrotar um ou mais minichefes no meio da mesma para progredir em direção ao chefe final. No geral, eles são bastante variados e cada um tem uma mecânica específica, e entendê-la é fundamental para derrotá-los. Só o que tenho a reclamar é o do uso um pouco excessivo de chefes armadura (tendo quatro desse tipo no jogo) e do boss rush no final do jogo, em que você deve enfrentar não só a morte (por si só um chefe difícil), mas também Bartley e, por fim, Leslie Nielsen em pessoa, e cada um desses possui múltiplas fases. Embora não seja muito difícil entender suas mecânicas, uma sequência tão brutal pode facilmente cansar o jogador.

É possível derrotar esse lazarento, se o estresse de ser derrubado da torre trocentas vezes não te matar antes
Por último, mas com certeza não menos importante, temos a trilha sonora, que é simplesmente uma das melhores da série até agora. A maior parte das músicas são originais e cada fase tem um tema próprio, que com certeza vai ficar tão marcado a fogo na sua mente quanto Beginning, Vampire Killer ou Bloody Tears. Ah, e a música que toca pouco antes de enfrentarmos Gary Oldman com sua peruca ridícula com certeza vai fazer brotar uma lágrima de nostalgia em qualquer veterano da série. O crédito vai para Michiru Yamane, que teve sua introdução na série nesse game e viria mais tarde a contribuir com a trilha sonora do game de um certo vampiro bishonen muito amado do playstation.

Dito tudo isso, podemos perceber que esse é um título muito bem produzido. Apesar das pequenas falhas, fica claro que Castlevania Bloodlines é muito melhor do que poderíamos imaginar e merece muito mais popularidade. Então, porque essa preciosidade caiu no esquecimento?

Eu imagino que por dois fatores: Primeiro, esse jogo ter saído para um console da SEGA em vez de um da Nintendo, casa da série até então, alienou fãs mais antigos, que não tinham condições de ter dois consoles em casa e deram preferência aos títulos anteriores, cuja popularidade acabou por sufocar esse aqui. O segundo é o fato de ele ter recebido basicamente nenhum  relançamento até muito recentemente. Até mesmo títulos da série que não chegaram no ocidente na época de seu lançamento, como o já citado Rondo of Blood, receberam versões alternativas ou relançamentos que lhes permitiram alcançar uma vasta base de fãs deste lado do planeta, enquanto o Bloodlines permaneceu esquecido pela própria Konami por décadas, numa situação que evidencia o desinteresse preocupante da indústria de games em preservar o próprio legado.

 Felizmente, essa situação foi abrandada pelo lançamento do Sega Genesis Mini, que tem esse game em sua biblioteca, e pelo lançamento da coletânea Anniversary Collection, que inclui todos os clássicos da série lançados até o Bloodlines em "comemoração" ao aniversário da franquia (ou, mais precisamente, pra lucrar fácil em cima da nostalgia dos fãs sem precisar gastar tempo e dinheiro num título novo, como é típico da Konami). Sem essas coletâneas, é provável que Bloodlines permanecesse parcialmente esquecido como outras pérolas de sua época, o que seria uma pena, já que temos aqui um dos melhores títulos da série e, na minha opinião o melhor Castlevania clássico (pelo menos até eu terminar o Rondo of Blood), e que merece um destino muito melhor do que ser soterrado por outros títulos da série.


Acho que já ficou claro que o game é recomendadíssimo. Apesar de alguns problemas com o gameplay, é um título genuinamente divertido e bem feito que merece muito mais amor do que recebeu. E, com a terceira temporada da excelente série de Castlevania da Netflix batendo na porta, não há época melhor pra relembrar ou conhecer essa obra. Portanto, se você deseja tirar o pó dos seus consoles antigos ou quer se aprofundar mais nos jogos antes que a nova temporada chegue, esse título aqui é uma ótima pedida, com um gameplay balanceado e uma qualidade técnica animal que é acolhedora aos novatos e respeita os jogadores mais antigos. Portanto, liga o Mega Drive, vai atrás das coletâneas ou emula se for preciso, mas simplesmente não deixe de aproveitar esse game, que vale muito à pena.

Enfim gente, isso é tudo que eu tinha pra dizer hoje. Queria escrever esse artigo o quanto antes, pra esquentar vocês pra terceira temporada da série e quem sabe usar o interesse gerado pelo trailer da mesma de trampolim pra convencer outros a experimentarem essa gema (e talvez atrair uns leitores em cima de um tópico atual, afinal ninguém é de ferro). se você gostou do artigo, compartilhe nas redes sociais e com amigos, além de curtir a página no facebook e deixar seu comentário, afinal, blogs se alimentam de interação e feedback.

Obrigado a todos que leram até aqui e se cuidem. Espero vê-los aqui no próximo post.

Ah, e evite sair depois de escurecer. Afinal, a noite é horrível pra se ter uma maldição...

Até a próxima!

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Never Hike Alone: quando os fãs fazem melhor que Hollywood



Finalmente é Sexta Feira 13! sim! dia maldito, em que os maníacos de máscara de hockey saem à caça e gente sem noção sai por aí matando gatos pretos porque tem merda na cabeça!

Sério, se vocês tem gatos pretos, cuidado com eles hoje. Tem gente por aí que é tão sem noção que faz um assassino mascarado vivendo no meio do mato parecer um ser humano totalmente bem ajustado.

Mas enfim, é uma data especial, e que jeito melhor de comemorá-la do que falando do maníaco mascarado favorito de todo mundo?

E sim, dessa vez estou falando de Jason Voorhees mesmo.

Agora, todos sabemos que o açougueiro de Crystal Lake teve várias encarnações no cinema, mas não iremos falar de nenhuma delas hoje. Em vez disso, vamos voltar nossas atenções a algo um pouco diferente e que eu estava querendo falar sobre há muito tempo, apenas esperando pela data certa. Algo pequeno em escala, mas gigante em execução: Never Hike Alone, um fã filme produzido para internet pelo grupo independente Womp Stomp Films.

Sim, eu sei o que você está pensando: como um projeto pequeno e com orçamento minúsculo poderia se equiparar às obras dos gigantes da indústria do cinema?

Ou talvez você estivesse pensando em dançarinas ucranianas. Sei lá. Não sou telepata.

Mas se for esse o caso, calma lá. Dê uma chance e você perceberá que, às vezes, a simplicidade produz as melhores obras.

Então, peguem suas máscaras de Hockey e entrem comigo nesse matagal!

Mas nada de cerveja ou sexo!

lembrem-se que ele está lá fora, observando...


Enfim, do que o filme se trata?

Never Hike Alone conta a história de Kyle Macleod, um mochileiro amante da natureza que decide fazer uma trilha pela floresta do Condado de Essex  Chegando lá, ele acaba encontrando o lendário acampamento Crystal Lake, do qual ouvira falar em histórias de fantasma contadas por seu irmão, e decide parar para explorar o lugar. No entanto, ele acaba cruzando o caminho de Jason Voorhees, que não gosta nada de intrusos em seu território. Isso dá início a uma corrida desesperada pela sobrevivência, em que Kyle terá de utilizar de toda sua perspicácia e habilidade se quiser sobreviver a uma noite no acampamento sangrento...

"Sai do meu gramado!"
Logo de cara, a história já chama atenção por se desviar da fórmula que a maioria dos filmes da série utiliza. Em vez de de acompanhar um bando de adolescentes viciados, tarados e mamados serem sistematicamente eliminados por um brutamontes furioso (e que provavelmente vai ser eliminado por uma guria que não tem nem metade de sua altura no fim do filme), acompanhamos apenas o jogo de gato e rato entre Jason e Kyle. Talvez a proposta pareça um tanto monótona para alguns, mas é essa simplicidade que faz o filme funcionar. Como não temos outros personagens além de Kyle, Jason, e alguns paramédicos no final (sobre os quais não posso comentar sem soltar um spoiler IMENSO), a história se foca em desenvolver Kyle e reestabelecer a história do acampamento, e tem a chance de construir uma atmosfera mais forte do que muitos filmes da série principal tiveram, o que torna o filme mais angustiante e assustador. O longo tempo que o filme leva para desenvolver a jornada de Kyle pela floresta e pelo acampamento criam tensão no espectador e tornam o momento em que Jason finalmente aparece muito mais satisfatório. Não apenas isso, mas o fato de que temos tempo para conhecer bem Kyle e nos apegar a ele (o que não se aplica à maioria dos personagens da série) torna sua batalha com Jason mais aterrorizante, pois torcemos para que ele escape dessa com vida. O fato de que ele é treinado para sobreviver sozinho em meios naturais e, assim, muito mais esperto e capaz do que a maior parte dos personagens da série também funciona a seu favor.

E claro que nada disso seria possível sem bons atores. Temos poucos, mas todos fazem um trabalho muito bom. Andrew Leighty, que interpreta Kyle, faz um ótimo trabalho em transmitir quão habilidoso e carismático o personagem realmente é, além de ter uma boa gama de emoções, o que nos convence do quão desesperadora a situação de Kyle é e nos simpatizar ainda mais com ele. Jason, a estrela do show como sempre, é interpretado pelo diretor, Vicente Disanti, que entrega uma performance intimidadora e imponente, retratando um Jason mais rápido e forte do que o visto nos últimos filmes, além de fazer um ótimo trabalho em transmitir toda a raiva do personagem, de uma forma que faria Kane Hodder soltar lágrimas de aprovação.

 O visual do personagem também é interessante, sendo similar ao visto em Freddy Vs Jason e no Remake, mas um pouco mais limpo e com uma máscara completamente branca, o que lhe dá um visual mais fantasmagórico e menos visceral do que nos últimos filmes, tanto é que isso lhe gerou o apelido de "Ghost Jason" entre os fãs.


 Os atores que interpretam os paramédicos também fazem um bom trabalho, mas entre eles se destaca um ator que retorna da franquia oficial, interpretando um personagem dos filmes em uma participação especial. Não vou dar mais detalhes para não estragar a surpresa, mas garanto que só por essa participação a sessão á vale a pena.

A ambientação também merece destaque. Durante as filmagens, os produtores acabaram encontrando um acampamento abandonado, do qual fizeram uso para a produção do filme. Isso não só permitiu que eles aproveitassem melhor o orçamento e filmassem mais cenas  (o filme final tem 50 minutos, quando originalmente teria apenas 20), como também confere ainda mais credibilidade a todas as cenas passadas no acampamento. Também é interessante notar as referências às cenas de morte do primeiro filme, que são representados por uma fita usada para marcar cada local de crime. São Easter Eggs simples, mas muito satisfatórios para os fãs mais antigos da franquia, principalmente se você conseguir adivinhar qual morte aconteceu em cada local. Por fim, as cenas na floresta também tem visuais muito bonitos.







A trilha sonora também merece amor. Boa de ouvir, transmite bem com o clima de cada cena e também é bastante remanescente da trilha sonora icônica composta por Harry Manfredini nos filmes originais sem ser uma cópia, mantendo características próprias. É bastante satisfatório ver o clássico KI KI KI MA MA MA de volta depois de tantos anos de ausência. E você com certeza vai se pegar cantarolando a música dos créditos finais em alguns momentos.

No entanto, Ainda existem algumas pequenas falhas. Por limitações de tempo e, principalmente, dinheiro (afinal todo o projeto era sem fins lucrativos e feito apenas para homenagear a frânquia, com boa parte do financiamento tendo vindo dos fãs por campanhas de crowdfunding), o filme é bem curto e não tem tempo para acrescentar algumas cenas que sem dúvida melhorariam a experiência. Teria sido interessante ver Kyle exibindo mais de suas habilidades de sobrevivência e exploração no filme e ver que outras maneiras ele teria de se esconder de Jason. O final também é um pouco prejudicado por isso, já que não fica muito claro como ele foi encontrado pelos paramédicos. O próprio diretor mencionou que existem mais detalhes por trás dessa cena, que ficaram de fora devido à falta de tempo. Nada que machuque demais a experiência, mas teria sido bom se os produtores tivessem mais recursos para dar mais "carne" ao filme.

Obras feitas por fãs são uma espada de dois gumes. Por um lado, fãs muitas vezes tem mais conhecimento sobre o que faz uma franquia funcionar do que os engravatados encarregados da mesma e podem ter ideias muito boas para melhorá-la. Por outro, fãs normalmente tem menos recursos e conhecimento técnico do que os grandes estúdios, o que pode acabar gerando uma obra que mais parece uma paródia barata da original do que uma homenagem. Felizmente, Never Hike Alone pende mais para o lado positivo desse espectro. Com uma atmosfera opressiva, personagens bem utilizados e uma ótima cinematografia, Vicente Disanti e sua equipe conseguem criar uma experiência poucas vezes vista nessa franquia e provam que, às vezes, tudo o que você precisa para fazer um bom filme é um roteiro, entendimento do que você quer fazer e muita criatividade.

Acho que esse filme merece ainda mais destaque agora, em que o futuro da série é incerto devido ao processo envolvendo um de seus criadores, Victor Miller. Não só o Videogame da Gun Media foi cancelado, como também é incerto se teremos mais filmes de algum dia (ainda mais depois das inúmeras tentativas fracassadas de rebootar Sexta Feira 13 desde que o remake saiu). Never Hike Alone prova que a fanbase continua firme e forte, e que talvez Jason finalmente esteja nas mãos das pessoas certas, depois de muito tempo.

Mas a história não acaba aqui. Uma nova campanha de Crowdfunding foi anunciada pela Womp Stomp Films, que planeja continuar a história iniciada em Never Hike Alone em uma websérie com quatro episódios de 20 minutos cada. O próximo, Never Hike In The Snow, já está em produção e é um prequel para NHA, se passando 3 meses antes e cobrindo a história de outro mochileiro que desapareceu no território de Jason ao se aventurar por lá no inverno. Além disso, há mais 3 desses pequenos filmes em produção, se passando depois de Never Hike Alone e prosseguindo de onde o filme parou. Nem preciso dizer que é um projeto muito promissor e que merece todo o apoio possível, ainda mais dada a situação que acabei de explicar. Se possível, eu recomendo MUITO que vocês apoiem o projeto. O crowdfunding pode ser encontrado aqui.



Enfim, se você não quer deixar essa data passar em branco mas já assistiu os filmes originais até enjoar, Never Hike Alone totalmente vale a conferida e merece todo o apoio dos fãs. Não só isso, o filme é totalmente gratuito e pode ser assistido aqui.

Viram? eu até coloquei o link pra vocês aqui, então não tem desculpa pra não conferir.

CLICA LOGO!

Pensa que não tô te vendo? eu tô de olho em você, que tem preguiça até de clicar em link!

Por hoje é só, gente. Se gostarem, sigam o blog, curtam a página no facebook e compartilhem esse conteúdo. Também comentem, se for o caso. Blogs se mantém vivos com feedback.

Aproveitem a Sexta feira 13 e lembre-se de nunca entrar no mato sozinhos.

Ele ainda está lá...

esperando...

ki ki ki... ma ma ma...

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Uma breve e singela homenagem ao legado de Stan Lee


 
Eu adiei muito a escrita desse texto, mas já passou da hora de falar sobre isso. Então, aqui vamos nós.

Como vocês bem sabem, O senhor Stanley Martin Lieber, que talvez vocês conheçam melhor como Stan THE MAN Lee, faleceu em 12 de novembro de 2018. Como vocês podem imaginar, essa notícia me deixou de coração partido, afinal, o trabalho do Sr. Lee teve muito impacto na minha vida, assim como eu acredito que teve na de muitos de vocês. Se não fosse por ele, um certo filme chamado Homem-Aranha jamais teria sido produzido e assistido por um jovem e impressionável eu em 2002, e eu jamais teria conhecido um certo personagem que fez parte da minha vida em todos os momentos até então e me ensinou algumas das lições mais valiosas que eu poderia aprender: que com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.

Eu poderia encher a boca pra falar do Sr. Lee, mas que palavras seriam dignas de um homem tão grande? Fantástico, talvez? Ou quem sabe Espetacular? Ou até mesmo Incrível, quem sabe? Mas Stan Lee foi muito mais do que tudo isso. Ele mudou o entretenimento, a linguagem e a comunicação como os conhecemos. Ele criou boa parte da mitologia moderna. Ele falou de assuntos cabeludos como o preconceito e a intolerância em tempos em que essa mensagem poderia não ser tão bem aceita e, por consequência, inspirou gerações de leitores a se tornarem pessoas melhores. Ele lutou pela aceitação dos quadrinhos como uma mídia de arte e comunicação tão importantes qunato a televisão ou o cinema, e sem ele nunca teríamos as adaptações dos personagens que tanto amamos. Ele nos ensinou que há um herói dentro de cada um de nós e que ser um herói não é só ter superpoderes, mas principalmente nunca desistir e sempre fazer o que é certo. Ele nos mostrou que nunca é tarde demais para seguirmos nossos sonhos e fazer algo de significante com nossas vidas.
 
Com certeza ele ainda tinha muitas lições a ensinar e histórias para contar. Não importa. Com o breve período em que existiu no nosso universo, ele deixou para trás um legado que vai continuar a inspirar e influenciar pessoas de todas as idades, gêneros, etnias e credos por muito, muito tempo.
 
Vá em paz, Sr. Lee. Muito, MUITO obrigado por tudo. Foi uma bênção tê-lo entre nós, Excelsior!

Nuff' Said.
 
 


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Review: Pumpkinhead




Finalmente, outubro chegou! Sim! Os demônios e maus espíritos espreitam em cada esquina, as pessoas penduram abóboras em suas casas e às crianças saem para pedir doces cheias de alegria em seus corações e alheias ao fato de que podem ser sequestradas por pervertidos facilmente a qualquer minuto!

Exceto que... não.  Afinal, moramos no Brasil, e por aqui, essa data só tem algum significado se você for um abilolado antinacionalista como eu.

Enfim, só nos resta sentar e aproveitar bons filmes para entrar no clima da temporada e manter os maus espíritos hoje. E hoje volto a cumprir minha eterna missão de trazer a vocês pérolas menos conhecidas da sétima arte para assistir nessa época tão especial. E não é qualquer filme, mas sim um dirigido pelo mago dos efeitos especiais: Stan Winston!

Sim, aquele de Jurassic Park.

E Aliens: O Resgate.

E o Exterminador do Futuro.

E Predador.

Curioso? Então, sem mais delongas, lhes apresento: PUMPKINHEAD!

Comecemos do princípio, então: de que se trata o filme?

O longa conta a história de Eddie Harley (Lance Henriksen), um homem simples e que não tem muita coisa na vida além de seu filho, Billy. Porém, numa tarde, o menino é morto em um acidente de moto causado por um grupo de adolescentes forasteiros. Incapaz de lidar com a morte de seu filho, ele se lembra de quando presenciou, na infância, uma criatura matar impiedosamente um homem que implorava por socorro próximo a sua casa. Essa criatura é o Pumpkinhead, um demônio que, segundo a lenda, poderia ser ressuscitado para vingar alguém, mas traria amargas consequências. Tomado pela raiva, Eddie encontra a feiticeira Haggis (Florence Schauffler), que teria o poder de ressuscitar a criatura, e ele a convence a fazê-lo. Assim, a criatura passa a assassinar os adolescentes responsáveis pela morte de Billy.

E de maneiras bem criativas, devo dizer. Afinal, não é todo dia que você vê alguém sendo empalado com um rifle
  


A história é simples, mas bem executada, e o que a torna interessante é que possui um ar de conto de fadas, como as fábulas e histórias que ouvíamos de nossas mães e avós. Isso é perceptível de várias formas: primeiramente, no modo como os personagens se referem ao monstro. Os adultos sabem das histórias e as passam para frente, transformando a criatura numa espécie de bicho papão, uma lenda para assustar crianças, ao mesmo tempo em que o temem e sabem do perigo que representa, e as crianças criam canções sobre ele e assustam umas às outras com as histórias. Depois, da própria forma como a história é contada, focando nas consequências do ato de vingança de Eddie e do erro dos adolescentes. É como se o filme tentasse ser uma fábula que atenta para as consequências de não assumir os erros e do desejo de vingança.

 
A maior parte dos atores não tem nada de especial, pois seus personagens não fogem do clichê de “adolescentes estúpidos que fazem merda” e “caipira paranoico” e só estão lá para fazer volume e para que a história possa progredir. No entanto, dois personagens se destacam: Eddie Harley, interpretado por Lance Henriksen (quem vocês devem se lembrar de Aliens: O Resgate, mas não de O Exterminador do Futuro) e a bruxa Haggis, interpretada por Florence Schauffler.  Eddie é um personagem bastante humano: Apenas um homem simples, que não tem muito e que ama seu filho acima de tudo no mundo. É fácil se relacionar com ele e entender sua sede de vingança, e também lamentamos por seu triste destino final. Já Haggis se destaca por ser exatamente o contrário: Ela é grotesca, cruel e o mais distante da humanidade possível. Ela é bem exotérica e assustadora e rouba a cena em todos os momentos que aparecem. Inclusive, protagoniza a melhor cena do filme, que ocorre depois da invocação de pumpkinhead, quando um Eddie Harley desesperado e arrependido vem à sua cabana para lhe pedir que desfaça o que foi feito, e ela, calmamente, lhe explica que não é possível. Ele, desesperado, responde: “Deus te amaldiçoe!” , ao que ela, ainda calmamente, retruca: “ele já amaldiçoou, filho”.  A maquiagem também adiciona muito à excentricidade da personagem, mais um ponto do senhor Winston.

 
 A ambientação e a fotografia adicionam bastante ao filme. A história toda se passa no interior dos estados unidos, principalmente dentro do mato, o que ajuda a construir aquele clima de história de acampamento. A fotografia do filme é bastante escura e fica mais azulada quando a criatura está prestes a aparecer, o que cria uma certa apreensão no espectador. Quando tudo fica azul e começa a trovejar, você já sabe que algo maligno vem por aí.

Acho que o maior destaque é a criatura em si. O design do monstro é bastante original, apesar de um pouco parecido com o Alien, e apresenta um trabalho de efeitos especiais muito impressionante para a época em que foi produzida. Tudo, da produção do modelo à movimentação do monstro, que se move de uma maneira graciosa e lenta, é extremamente bem produzido, o que é só poderíamos esperar de um filme de Stan Winston. No entanto, parte do crédito também vai para Tom Woodruff Jr, o homem por baixo da roupa da criatura. Caso vocês não saibam, ele também trabalhou com Winston em Aliens: O Resgate e depois trabalhou em todas as sequências da série Alien, o que não é pouca coisa.



Pumpkinhead é um filme único à sua maneira. Ele é bastante simples, sem uma história muito elaborada ou muitos personagens memoráveis, mas é essa simplicidade que o faz funcionar. Eu pessoalmente acho que ele funciona como uma fábula, que foca nas consequências do assassinato e da vingança e apresenta uma moral, e pode ser mais aproveitado dessa forma. No entanto, o trabalho fenomenal de efeitos especiais no filme já faz valer a pena assisti-lo. Mesmo se a história do filme não te impressionar, os efeitos especiais, em especial os da criatura, com certeza vão. Apesar de simples, deixa uma grande sensação de satisfação depois de assistido, uma sensação de que você viu algo único, que não se vê sempre no cinema de terror.

Esse é um filme bastante desconhecido por aqui, talvez por ter sido vítima de tradutores “geniais” quando foi receber o título nacional. Ele recebeu dois títulos (toscos, diga-se de passagem): “Sangue Demoníaco” e “A Vingança do Diabo”. Com certeza dá pra ver porque não pegou. Na verdade, mesmo lá fora é uma obra relativamente desconhecida, mas isso acrescenta um certo Status Cult ao filme.

Em uma nota final, o filme foi homenageado pela banda The Misfits (sobre a qual também falarei um dia) com a música “Pumpkinhead”, no álbum Famous Monsters. A música ficou bem legal e vocês podem ouvi-la aqui.

 O filme ganhou três sequências: A primeira delas é Pumpkinhead: Blood Wings, lançada nos cinemas em 1993, e as duas sequências seguintes, Ashes to Ashes e Blood Feud, foram dois telefilmes produzidos para o canal Syfy em 2006 e 2007. Não as assisti, mas ouvi que o nível de qualidade é muito menor em relação à obra original e, considerando o histórico dos filmes da Syfy, não duvido muito disso. Fato interessante é que o terceiro filme, Ashes to Ashes, conta com a presença de niguém menos que Doug Bradley, o Pinhead. Então vale a conferida.


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Até breve.