sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Review: Pumpkinhead




Finalmente, outubro chegou! Sim! Os demônios e maus espíritos espreitam em cada esquina, as pessoas penduram abóboras em suas casas e às crianças saem para pedir doces cheias de alegria em seus corações e alheias ao fato de que podem ser sequestradas por pervertidos facilmente a qualquer minuto!

Exceto que... não.  Afinal, moramos no Brasil, e por aqui, essa data só tem algum significado se você for um abilolado antinacionalista como eu.

Enfim, só nos resta sentar e aproveitar bons filmes para entrar no clima da temporada e manter os maus espíritos hoje. E hoje volto a cumprir minha eterna missão de trazer a vocês pérolas menos conhecidas da sétima arte para assistir nessa época tão especial. E não é qualquer filme, mas sim um dirigido pelo mago dos efeitos especiais: Stan Winston!

Sim, aquele de Jurassic Park.

E Aliens: O Resgate.

E o Exterminador do Futuro.

E Predador.

Curioso? Então, sem mais delongas, lhes apresento: PUMPKINHEAD!

Comecemos do princípio, então: de que se trata o filme?

O longa conta a história de Eddie Harley (Lance Henriksen), um homem simples e que não tem muita coisa na vida além de seu filho, Billy. Porém, numa tarde, o menino é morto em um acidente de moto causado por um grupo de adolescentes forasteiros. Incapaz de lidar com a morte de seu filho, ele se lembra de quando presenciou, na infância, uma criatura matar impiedosamente um homem que implorava por socorro próximo a sua casa. Essa criatura é o Pumpkinhead, um demônio que, segundo a lenda, poderia ser ressuscitado para vingar alguém, mas traria amargas consequências. Tomado pela raiva, Eddie encontra a feiticeira Haggis (Florence Schauffler), que teria o poder de ressuscitar a criatura, e ele a convence a fazê-lo. Assim, a criatura passa a assassinar os adolescentes responsáveis pela morte de Billy.

E de maneiras bem criativas, devo dizer. Afinal, não é todo dia que você vê alguém sendo empalado com um rifle
  


A história é simples, mas bem executada, e o que a torna interessante é que possui um ar de conto de fadas, como as fábulas e histórias que ouvíamos de nossas mães e avós. Isso é perceptível de várias formas: primeiramente, no modo como os personagens se referem ao monstro. Os adultos sabem das histórias e as passam para frente, transformando a criatura numa espécie de bicho papão, uma lenda para assustar crianças, ao mesmo tempo em que o temem e sabem do perigo que representa, e as crianças criam canções sobre ele e assustam umas às outras com as histórias. Depois, da própria forma como a história é contada, focando nas consequências do ato de vingança de Eddie e do erro dos adolescentes. É como se o filme tentasse ser uma fábula que atenta para as consequências de não assumir os erros e do desejo de vingança.

 
A maior parte dos atores não tem nada de especial, pois seus personagens não fogem do clichê de “adolescentes estúpidos que fazem merda” e “caipira paranoico” e só estão lá para fazer volume e para que a história possa progredir. No entanto, dois personagens se destacam: Eddie Harley, interpretado por Lance Henriksen (quem vocês devem se lembrar de Aliens: O Resgate, mas não de O Exterminador do Futuro) e a bruxa Haggis, interpretada por Florence Schauffler.  Eddie é um personagem bastante humano: Apenas um homem simples, que não tem muito e que ama seu filho acima de tudo no mundo. É fácil se relacionar com ele e entender sua sede de vingança, e também lamentamos por seu triste destino final. Já Haggis se destaca por ser exatamente o contrário: Ela é grotesca, cruel e o mais distante da humanidade possível. Ela é bem exotérica e assustadora e rouba a cena em todos os momentos que aparecem. Inclusive, protagoniza a melhor cena do filme, que ocorre depois da invocação de pumpkinhead, quando um Eddie Harley desesperado e arrependido vem à sua cabana para lhe pedir que desfaça o que foi feito, e ela, calmamente, lhe explica que não é possível. Ele, desesperado, responde: “Deus te amaldiçoe!” , ao que ela, ainda calmamente, retruca: “ele já amaldiçoou, filho”.  A maquiagem também adiciona muito à excentricidade da personagem, mais um ponto do senhor Winston.

 
 A ambientação e a fotografia adicionam bastante ao filme. A história toda se passa no interior dos estados unidos, principalmente dentro do mato, o que ajuda a construir aquele clima de história de acampamento. A fotografia do filme é bastante escura e fica mais azulada quando a criatura está prestes a aparecer, o que cria uma certa apreensão no espectador. Quando tudo fica azul e começa a trovejar, você já sabe que algo maligno vem por aí.

Acho que o maior destaque é a criatura em si. O design do monstro é bastante original, apesar de um pouco parecido com o Alien, e apresenta um trabalho de efeitos especiais muito impressionante para a época em que foi produzida. Tudo, da produção do modelo à movimentação do monstro, que se move de uma maneira graciosa e lenta, é extremamente bem produzido, o que é só poderíamos esperar de um filme de Stan Winston. No entanto, parte do crédito também vai para Tom Woodruff Jr, o homem por baixo da roupa da criatura. Caso vocês não saibam, ele também trabalhou com Winston em Aliens: O Resgate e depois trabalhou em todas as sequências da série Alien, o que não é pouca coisa.



Pumpkinhead é um filme único à sua maneira. Ele é bastante simples, sem uma história muito elaborada ou muitos personagens memoráveis, mas é essa simplicidade que o faz funcionar. Eu pessoalmente acho que ele funciona como uma fábula, que foca nas consequências do assassinato e da vingança e apresenta uma moral, e pode ser mais aproveitado dessa forma. No entanto, o trabalho fenomenal de efeitos especiais no filme já faz valer a pena assisti-lo. Mesmo se a história do filme não te impressionar, os efeitos especiais, em especial os da criatura, com certeza vão. Apesar de simples, deixa uma grande sensação de satisfação depois de assistido, uma sensação de que você viu algo único, que não se vê sempre no cinema de terror.

Esse é um filme bastante desconhecido por aqui, talvez por ter sido vítima de tradutores “geniais” quando foi receber o título nacional. Ele recebeu dois títulos (toscos, diga-se de passagem): “Sangue Demoníaco” e “A Vingança do Diabo”. Com certeza dá pra ver porque não pegou. Na verdade, mesmo lá fora é uma obra relativamente desconhecida, mas isso acrescenta um certo Status Cult ao filme.

Em uma nota final, o filme foi homenageado pela banda The Misfits (sobre a qual também falarei um dia) com a música “Pumpkinhead”, no álbum Famous Monsters. A música ficou bem legal e vocês podem ouvi-la aqui.

 O filme ganhou três sequências: A primeira delas é Pumpkinhead: Blood Wings, lançada nos cinemas em 1993, e as duas sequências seguintes, Ashes to Ashes e Blood Feud, foram dois telefilmes produzidos para o canal Syfy em 2006 e 2007. Não as assisti, mas ouvi que o nível de qualidade é muito menor em relação à obra original e, considerando o histórico dos filmes da Syfy, não duvido muito disso. Fato interessante é que o terceiro filme, Ashes to Ashes, conta com a presença de niguém menos que Doug Bradley, o Pinhead. Então vale a conferida.


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Até breve.
 


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