sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Never Hike Alone: quando os fãs fazem melhor que Hollywood



Finalmente é Sexta Feira 13! sim! dia maldito, em que os maníacos de máscara de hockey saem à caça e gente sem noção sai por aí matando gatos pretos porque tem merda na cabeça!

Sério, se vocês tem gatos pretos, cuidado com eles hoje. Tem gente por aí que é tão sem noção que faz um assassino mascarado vivendo no meio do mato parecer um ser humano totalmente bem ajustado.

Mas enfim, é uma data especial, e que jeito melhor de comemorá-la do que falando do maníaco mascarado favorito de todo mundo?

E sim, dessa vez estou falando de Jason Voorhees mesmo.

Agora, todos sabemos que o açougueiro de Crystal Lake teve várias encarnações no cinema, mas não iremos falar de nenhuma delas hoje. Em vez disso, vamos voltar nossas atenções a algo um pouco diferente e que eu estava querendo falar sobre há muito tempo, apenas esperando pela data certa. Algo pequeno em escala, mas gigante em execução: Never Hike Alone, um fã filme produzido para internet pelo grupo independente Womp Stomp Films.

Sim, eu sei o que você está pensando: como um projeto pequeno e com orçamento minúsculo poderia se equiparar às obras dos gigantes da indústria do cinema?

Ou talvez você estivesse pensando em dançarinas ucranianas. Sei lá. Não sou telepata.

Mas se for esse o caso, calma lá. Dê uma chance e você perceberá que, às vezes, a simplicidade produz as melhores obras.

Então, peguem suas máscaras de Hockey e entrem comigo nesse matagal!

Mas nada de cerveja ou sexo!

lembrem-se que ele está lá fora, observando...


Enfim, do que o filme se trata?

Never Hike Alone conta a história de Kyle Macleod, um mochileiro amante da natureza que decide fazer uma trilha pela floresta do Condado de Essex  Chegando lá, ele acaba encontrando o lendário acampamento Crystal Lake, do qual ouvira falar em histórias de fantasma contadas por seu irmão, e decide parar para explorar o lugar. No entanto, ele acaba cruzando o caminho de Jason Voorhees, que não gosta nada de intrusos em seu território. Isso dá início a uma corrida desesperada pela sobrevivência, em que Kyle terá de utilizar de toda sua perspicácia e habilidade se quiser sobreviver a uma noite no acampamento sangrento...

"Sai do meu gramado!"
Logo de cara, a história já chama atenção por se desviar da fórmula que a maioria dos filmes da série utiliza. Em vez de de acompanhar um bando de adolescentes viciados, tarados e mamados serem sistematicamente eliminados por um brutamontes furioso (e que provavelmente vai ser eliminado por uma guria que não tem nem metade de sua altura no fim do filme), acompanhamos apenas o jogo de gato e rato entre Jason e Kyle. Talvez a proposta pareça um tanto monótona para alguns, mas é essa simplicidade que faz o filme funcionar. Como não temos outros personagens além de Kyle, Jason, e alguns paramédicos no final (sobre os quais não posso comentar sem soltar um spoiler IMENSO), a história se foca em desenvolver Kyle e reestabelecer a história do acampamento, e tem a chance de construir uma atmosfera mais forte do que muitos filmes da série principal tiveram, o que torna o filme mais angustiante e assustador. O longo tempo que o filme leva para desenvolver a jornada de Kyle pela floresta e pelo acampamento criam tensão no espectador e tornam o momento em que Jason finalmente aparece muito mais satisfatório. Não apenas isso, mas o fato de que temos tempo para conhecer bem Kyle e nos apegar a ele (o que não se aplica à maioria dos personagens da série) torna sua batalha com Jason mais aterrorizante, pois torcemos para que ele escape dessa com vida. O fato de que ele é treinado para sobreviver sozinho em meios naturais e, assim, muito mais esperto e capaz do que a maior parte dos personagens da série também funciona a seu favor.

E claro que nada disso seria possível sem bons atores. Temos poucos, mas todos fazem um trabalho muito bom. Andrew Leighty, que interpreta Kyle, faz um ótimo trabalho em transmitir quão habilidoso e carismático o personagem realmente é, além de ter uma boa gama de emoções, o que nos convence do quão desesperadora a situação de Kyle é e nos simpatizar ainda mais com ele. Jason, a estrela do show como sempre, é interpretado pelo diretor, Vicente Disanti, que entrega uma performance intimidadora e imponente, retratando um Jason mais rápido e forte do que o visto nos últimos filmes, além de fazer um ótimo trabalho em transmitir toda a raiva do personagem, de uma forma que faria Kane Hodder soltar lágrimas de aprovação.

 O visual do personagem também é interessante, sendo similar ao visto em Freddy Vs Jason e no Remake, mas um pouco mais limpo e com uma máscara completamente branca, o que lhe dá um visual mais fantasmagórico e menos visceral do que nos últimos filmes, tanto é que isso lhe gerou o apelido de "Ghost Jason" entre os fãs.


 Os atores que interpretam os paramédicos também fazem um bom trabalho, mas entre eles se destaca um ator que retorna da franquia oficial, interpretando um personagem dos filmes em uma participação especial. Não vou dar mais detalhes para não estragar a surpresa, mas garanto que só por essa participação a sessão á vale a pena.

A ambientação também merece destaque. Durante as filmagens, os produtores acabaram encontrando um acampamento abandonado, do qual fizeram uso para a produção do filme. Isso não só permitiu que eles aproveitassem melhor o orçamento e filmassem mais cenas  (o filme final tem 50 minutos, quando originalmente teria apenas 20), como também confere ainda mais credibilidade a todas as cenas passadas no acampamento. Também é interessante notar as referências às cenas de morte do primeiro filme, que são representados por uma fita usada para marcar cada local de crime. São Easter Eggs simples, mas muito satisfatórios para os fãs mais antigos da franquia, principalmente se você conseguir adivinhar qual morte aconteceu em cada local. Por fim, as cenas na floresta também tem visuais muito bonitos.







A trilha sonora também merece amor. Boa de ouvir, transmite bem com o clima de cada cena e também é bastante remanescente da trilha sonora icônica composta por Harry Manfredini nos filmes originais sem ser uma cópia, mantendo características próprias. É bastante satisfatório ver o clássico KI KI KI MA MA MA de volta depois de tantos anos de ausência. E você com certeza vai se pegar cantarolando a música dos créditos finais em alguns momentos.

No entanto, Ainda existem algumas pequenas falhas. Por limitações de tempo e, principalmente, dinheiro (afinal todo o projeto era sem fins lucrativos e feito apenas para homenagear a frânquia, com boa parte do financiamento tendo vindo dos fãs por campanhas de crowdfunding), o filme é bem curto e não tem tempo para acrescentar algumas cenas que sem dúvida melhorariam a experiência. Teria sido interessante ver Kyle exibindo mais de suas habilidades de sobrevivência e exploração no filme e ver que outras maneiras ele teria de se esconder de Jason. O final também é um pouco prejudicado por isso, já que não fica muito claro como ele foi encontrado pelos paramédicos. O próprio diretor mencionou que existem mais detalhes por trás dessa cena, que ficaram de fora devido à falta de tempo. Nada que machuque demais a experiência, mas teria sido bom se os produtores tivessem mais recursos para dar mais "carne" ao filme.

Obras feitas por fãs são uma espada de dois gumes. Por um lado, fãs muitas vezes tem mais conhecimento sobre o que faz uma franquia funcionar do que os engravatados encarregados da mesma e podem ter ideias muito boas para melhorá-la. Por outro, fãs normalmente tem menos recursos e conhecimento técnico do que os grandes estúdios, o que pode acabar gerando uma obra que mais parece uma paródia barata da original do que uma homenagem. Felizmente, Never Hike Alone pende mais para o lado positivo desse espectro. Com uma atmosfera opressiva, personagens bem utilizados e uma ótima cinematografia, Vicente Disanti e sua equipe conseguem criar uma experiência poucas vezes vista nessa franquia e provam que, às vezes, tudo o que você precisa para fazer um bom filme é um roteiro, entendimento do que você quer fazer e muita criatividade.

Acho que esse filme merece ainda mais destaque agora, em que o futuro da série é incerto devido ao processo envolvendo um de seus criadores, Victor Miller. Não só o Videogame da Gun Media foi cancelado, como também é incerto se teremos mais filmes de algum dia (ainda mais depois das inúmeras tentativas fracassadas de rebootar Sexta Feira 13 desde que o remake saiu). Never Hike Alone prova que a fanbase continua firme e forte, e que talvez Jason finalmente esteja nas mãos das pessoas certas, depois de muito tempo.

Mas a história não acaba aqui. Uma nova campanha de Crowdfunding foi anunciada pela Womp Stomp Films, que planeja continuar a história iniciada em Never Hike Alone em uma websérie com quatro episódios de 20 minutos cada. O próximo, Never Hike In The Snow, já está em produção e é um prequel para NHA, se passando 3 meses antes e cobrindo a história de outro mochileiro que desapareceu no território de Jason ao se aventurar por lá no inverno. Além disso, há mais 3 desses pequenos filmes em produção, se passando depois de Never Hike Alone e prosseguindo de onde o filme parou. Nem preciso dizer que é um projeto muito promissor e que merece todo o apoio possível, ainda mais dada a situação que acabei de explicar. Se possível, eu recomendo MUITO que vocês apoiem o projeto. O crowdfunding pode ser encontrado aqui.



Enfim, se você não quer deixar essa data passar em branco mas já assistiu os filmes originais até enjoar, Never Hike Alone totalmente vale a conferida e merece todo o apoio dos fãs. Não só isso, o filme é totalmente gratuito e pode ser assistido aqui.

Viram? eu até coloquei o link pra vocês aqui, então não tem desculpa pra não conferir.

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Aproveitem a Sexta feira 13 e lembre-se de nunca entrar no mato sozinhos.

Ele ainda está lá...

esperando...

ki ki ki... ma ma ma...

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